Segunda-feira, 5 de Maio de 2014

Último texto "Insha’Allah“

"Aquele que fala não sabe Aquele que sabe não fala” Lao Tze

 

Quando entrei em contacto com a área da Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, decorria o debate sobre qual seria o termo a utilizar para o nome de um departamento: esoteriologia ou esoterismo. Enquanto o primeiro é uma espécie de “fazer o mapa” o segundo será uma espécie de “percorrer o caminho” e estava aceso o debate sobre qual o termo a usar. Vão compreender o porquê desta introdução. Cedo me propus ir escrevendo uns pequenos ensaios para o blog desta área de estudos da universidade, sobre um tema que por alguma razão me é caro, o Islão. Abeirei-me, portanto desta religião assim “jornalisticamente”, lendo os seus textos, conhecendo os seus praticantes e seus rituais, observando, opinando e muitas vezes, pretensiosamente, julgando ter já algo a dizer sobre o assunto. Assim como quem está à porta da mesquita (e é proibido estar à porta da mesquita), como quem está à porta de um templo, atento e relatando para a linguagem do mundo aquilo que se pressente estar a passar-se lá dentro. Não me cabe ajuizar os desígnios de cada um, neste mundo, mas esta posição de “cientista da religião” não me satisfez, tendo em conta a impetuosa calma do caminho de aniquilação silenciosa que para mim se abriu. E mais do que pressentindo, ou gostando dos aromas do Islão, trata-se daquele “tem de ser”, que compassa a Vida. Entendam este texto como uma despedida da minha curta actividade de filósofo ensaísta esboçada neste blog, ou entendam-no como uma indicação que convida. Percorrer o caminho em silêncio, não como quem guarda o que sabe, mas como quem nem sabe o que sabe, nem decide, nem opina, mas cumpre a Vida. “Mort avant mourir!” (Schuon) portanto, e o horizonte silencioso, para além da ruminante análise da vida, que “foi uma ajuda e que é um entrave” (Aurobindo)

 

Francisco Ferro Lisboa 25-4-2014

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Publicado por Re-ligare às 16:28
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“A avó”. Ensaio humorístico sobre temas sérios.

O ensaio que hoje me proponho aqui apresentar, não sendo filosófico na forma, sê-lo-á, em certa medida, no conteúdo ou pelo menos, na natureza.

Tudo se passou quando eu comecei a dar a entender à minha avó (alentejana, católica, de 82 anos) que eu andava a aprender a praticar Salat (oração ou, mais propriamente “ligação”), junto da comunidade islâmica de Lisboa. Ou seja, segundo a minha avó, a “rezar aquela oração do cú pró ar”. Atenção que estas foram as palavras da minha avó, longe de mim querer denegrir o Salat. Quero expor apenas as ideias feitas sobre as coisas, coisas que, sobretudo em matéria de Religião, vão bem para além das ideias que delas se fazem.

 

Então a minha avó perguntou-me: “Porquê que rezas com esses do Islão? Tu gostas disso? Isso não são aqueles que andam sempre a matar gente? Aqueles que andam sempre em guerra?”

 

Deus é Paz e a Paz vem dele, e que a Paz esteja sobre Gabriel!”

Alcorão I.H. 156

 

Este é o preconceito nº1, o de que os muçulmanos são violentos terroristas, que temos que saber parar, porque é falso. E porque no senso comum, esta ideia circula de forma dogmática e epidémica.

A minha avó não ficou muito preocupada. Infelizmente, as facções violentas da sociedade não se deixam serenar tão facilmente e andam ao gosto destas imagens, destas ideias feitas sobre as coisas.

 

Agora podemos ver um pouco o preconceito nº2. E esse sobre estes dois que nos empenharemos doravante a trabalhar com vista a decompô-los, desenleá-los, desincrustá-los, ameniza-los desfazê-los.

 

Se o Islão fosse machista e se o Islão tratasse mal as mulheres, então como explicar que o Islão faça as muçulmanas tão belas? (“Deus é bonito e ama a beleza” palavras do Profeta, que a paz esteja com ele). Os gestos calmos nos dedos finos, as entoações que são harmonias, a vida reluzente no resguardado olhar e alegria da convivência entre elas, lá no mundo delas. Por favor… “eduquemos” o nosso próprio olhar.

Depois a minha avó foi rezar o terço e eu fui estudar árabe, em salas separadas.

 

 

 Francisco Ferro

 


 

 

 

 

 

 

 

Publicado por Re-ligare às 16:19
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Segunda-feira, 14 de Abril de 2014

Lógicas e tendências da aprendizagem do árabe e das aproximações e conversões ao Islão

 

 

As diferentes razões para aprender o árabe são observáveis tanto nas motivações dos elementos das turmas, como na própria estruturação dos cursos de árabe da comunidade islâmica de Lisboa. Estes cursos ramificam-se, a partir de certa altura, em três vertentes: “Corão”, “Traduções” e “Speaking”, o que demonstra que há várias tendências para a aprendizagem do árabe. De facto, há uma lógica empresarial de aquisição de competências e enriquecimento de currículo. Há também uma tendência ligada às humanidades (que estão a passar um “mau bocado” neste mundo), ao gosto de estudar as Religiões, as culturas, as línguas. O árabe que aprendemos é, no entanto, um árabe “de rua”, que não tem o detalhe do árabe da recitação corânica que já nos leva para a dimensão de procura religiosa que se traduz em aproximações e conversões ao Islão.

            Quanto às conversões, há, a nosso ver, muito que se lhe diga, seguindo a nossa reflexão anterior sobre “personalidade e anonimato”.

            Existem vários níveis naquilo que poderíamos chamar de “conversão intercultural”, neste caso da conversão de portugueses e portuguesas, ocidentais, ao Islão. Um nível específico prende-se com questões matrimoniais e da conversão por motivos de casamento com um muçulmano ou com uma muçulmana.

            Depois temos um nível, que é mais periférico, sobre o qual nos iremos agora deter um pouco. É o nível de quem é aliciado por elementos de enriquecimento da personalidade, por adornos culturais ou estéticos com os quais se deseja identificar e revestir.

            Ora, este nível periférico tem pés de barro. Em primeiro lugar porque o sujeito procura enriquecer a sua personalidade com elementos exóticos de cariz religioso. Só que a religião é precisamente uma via de submissão dos elementos da personalidade a uma ordem que os “arruma” mas que em certa medida os aniquila (“mort avant mourir”, vide Schuon. Fr.). Procuramos portanto revestir-nos com uma religião que é ordem de desnudamento, aniquilação e submissão. E por isso mesmo, de Paz e Liberdade.

            Pode haver desajustes face à sociedade laica moderna ocidental que radiquem em desarrumações psicológicas e que levam a busca do Islão enquanto alternativa de vida. Esta é uma questão delicada, pois o desequilíbrio psíquico e certas sensações de “estrangeirismo” face ao Ocidente não são os melhores motivos para buscar o Islão. No entanto compreende-se esta situação devido aos tremendos efeitos da educação (ou formatação) laica Ocidental.

            Quanto a um outro nível, central, do verdadeiro chamamento de devoção do crente, como é óbvio, sobre esse nível, e em sintonia com a conhecida afirmação de Wittgenstein, nada diremos.

                

Francisco Ferrro

(francisco_ferro@sapo.pt)

Publicado por Re-ligare às 15:17
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Quinta-feira, 10 de Abril de 2014

O anonimato na oração do Islão, elucidações sobre a questão da personalidade

A oração comunitária, assim como a noção de submissão a uma lei transcendente apontam para uma dimensão de anonimato presente no mundo islâmico, que encontra paralelo em vários outros contextos religiosos e Tradicionais.

Não é apenas a partilha fraterna, no pátio da mesquita que denúncia os falsos preconceitos com que um certo Ocidente olha o Islão, é sobretudo a fraternidade forte do momento da oração enquanto evidência de sermos, perante Deus, um homem entre os homens e já não alguém especial, no fascínio narcísico e egoísta que se tornou normal na sociedade.

A questão do anonimato e da personalidade, que é levantada pela participação na oração comunitária dos muçulmanos é crucial para entender as diferenças de lógica (e de “jeito”) entre o dito “mundo moderno Ocidental” e o mundo Islâmico. Pois, num mundo e noutro, a “tónica daquilo que mais importa na vida”, não é depositada no mesmo lugar.

Se o mundo moderno urbano coloca o enfâse na personalidade, naquilo que temos de caprichoso, que sai da norma e em constructos estéticos, mentais, psíquicos e fantasiosos com que nos vamos vestindo e revestindo. É como se o Islão nos dissesse: “não, a Vida autêntica não se encontra no que tens de especial, no que te salienta da massa humana (ou que julgas salientar), a Vida autêntica encontra-se numa simplicidade em que o que és enquanto persona conta muito pouco”. Os caprichos, as ambições, as identificações, tudo é varrido pela sharia e a verdadeira Vida é encontrada não nos palcos e “passe reles” deste mundo, mas sim onde já não está ninguém, onde apenas, tal como os outros, se está em silêncio perante a lei.

Há duas questões práticas em torno da simbólica da oração de sexta- feira que importa aqui referir enquanto exemplos a usar nesta redefinição dos conceitos de anonimato, submissão e liberdade.

Uma delas diz respeito à sonoridade da recitação do Alcorão. Uma leitura ondulante e forte, mas calma e serena. Como se a Beleza da Vida intensa não fosse perturbada por “emocionalismos” pessoais e mesquinhos, nem pela agressividade dos desejos pessoais e passionais, mas a mensagem se transmitisse para além de tudo isto que costuma definir a personalidade do ser humano e que é o que mais abunda nas televisões e espectáculos do mundo.

A outra questão diz respeito à simbologia dos sapatos, casacos e mochilas deixados à porta que tem que ver com a questão da personalidade mas também com a noção civilizacional de paz. No fundo, aquilo com que nos identificamos, o que nos habituámos a ser, o que pretendemos atingir e ter… fica à porta. E, num plano mais prático, cria-se uma situação comum: todos deixaram os sapatos à porta e, naquele momento, não há preocupação de que alguém os roube. De facto, na oração Islâmica de sexta feira existe um clima de autêntica paz que contrasta com a noção que por vezes se forma sobre o mundo Islâmico. O que leva também a interrogarmo-nos sobre aquilo a que costumamos chamar paz e que não é mais senão o espaçamento entre guerras, durante o qual cada um quer ser mais do que os outros e afirmar-se e distinguir-se. Ora, o que a sexta –feira na mesquita demonstra é algo diferente, paz de um cumprimento de uma condição comum. Distinta, no entanto, da ideologia.

Encontramos na mesquita muito imigrantes Guineenses e Moçambicanos com carências materiais extremas. Com preconceito, o mundo Islâmico é muitas vezes conotado com uma violência extrema. No entanto, nesta confraternização de sexta-feira sente-se um clima de paz verdadeira que a mentalidade capitalista, nacionalista, liberal, desconhece e despreza e rejeita.

Os muçulmanos recebem bem quem queira participar nas orações de sexta-feira, mesmo não sendo muçulmano. Sentirá por certo este apelo de uma paz que seja mais pacífica do que a paz moderna, da luta das paixões voláteis, dos desejos mesquinhos, das más intenções desregradas.

“Os fundamentalistas não são representantes do Islão” dizia-me um português recém-convertido, ao saber pelo telefone que, no aeroporto, o filho e a nora tinham sido revistados por ela ir de lenço. São os preconceitos de uma civilização que coloca a tónica do que realmente importa não na Vida fraterna e verdadeira, mas sim naquilo que em nós é ilusão: a propriedade, o estatuto, o currículo, o poder (convencionado), a ganância, a carreira, a ambição.

                    

Francisco Ferrro

(francisco_ferro@sapo.pt)

Publicado por Re-ligare às 15:15
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Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2013

para recordar Damasco


elementos telegráficos

                   

Oásis caravaneiro desde tempos remotos, a cidade de Damasco tem, devido a um curso de água que a circunda, uma capacidade agrícola
significativa. É, possivelmente, a cidade mais antiga do mundo habitada ininterruptamente.
O nome desta cidade já aparece atestado na documentação cuneiforme de Ebla e na documentação egípcia do século XII a.C., grafado como «Dimaski».
Segundo as tradições bíblicas, David ter-se-á apoderado dela aos Arameus no início do último milénio a.C. (2Sm 8). No reinado seguinte, de Salomão, a cidade terá sido perdida (1Rs 11). O reino autónomo que aí se desenvolve será, em certas alturas, árbitro entre os reinos irmãos mas beligerantes de Israel e de Judá.
Em 732 Damasco passa para mãos Assírias, e depois para a órbita do mundo Persa. Jerusalém passa a depender de Damasco. Mais tarde, depois da conquista de Alexandre em 332, a cidade será campo de lutas entre os generais sucessores do jovem conquistador. A conquista romana deu-se em 64 a.C.
Na época de Jesus, Damasco era sede de uma importante colónia hebreia. Local cosmopolita, rapidamente desenvolveu uma comunidade cristã. Será neste contexto que Saulo de Tarso é encarregue (como voluntário) de trazer para Jerusalém os faltosos que seguissem os de Jesus (Act 9, 2). Será, nesse caminho, o famoso Caminho de Damasco, que se dá uma hierofania que alterará a vida do “inquisidor”, transformando-o em discípulo, em Paulo.

Como reflexo da sua importância económica, em 117 Adriano elevou-a à categoria de «metrópoli». Manteve-se uma cidade de primeira referencia até ao século VII, quando é saqueada pelos Persas. Damasco foi a capital do primeiro grande império islâmico, o dos Omíadas. Em 635 é conquistada, após seis meses de cerco, por Khalib Ibn al Walid. Por mais um século, terá um novo apogeu, uma nova época de glória.
Depois, as cidades que marcarão o ritmo do devir serão Bagdad, Cairo, Mossul, entre outras.
Durante as cruzadas, a cidade converte-se num símbolo da resistência islâmica na região, recebendo muitos refugiados que fogem ás atrocidades dos conquistadores cristãos. São reforçadas as muralhas e as portas. A cidade é atacada duas vezes, uma em 1129 e outra em 1140.
Com Saladino, Damasco afirma-se novamente como o grande centro islâmico da região. Com muitas escolas corânicas, madrassas, a funcionar, a
cidade afirma o sunismo. Em 1400 é atacada e saqueda novamente, agora sob investida dos Mamelucos. Posteriormente, em 1516, será tomada pelos Otomanos. Até ao século XVIII manterá um forte ascendente pelo menos regional. O século XIX verá a decadência económica, e o desaparecimento do poder da cidade no panorama internacional.


uma vida nuns dias de viagem. impressões

 

Foi há uns anos, nem parecem muitos, que tive a possibilidade de andar pela Síria. Naturalmente, fui a Damasco. Visitei o magnífico museu de
arqueologia, onde vi, entre muitas peças, os excepcionais frescos da sinagoga de Dura Europus, uma notável edificação da época romana, e um sem número de estátuas de Baal, a divindade com a qual eu dividia os meus dias, então em fase de redacção da minha aventura de doutoramento.

Ao visitar essa cidade milenar, fi-lo com a leitura atempada de Frei Pantaleão de Aveiro. Foi com as suas palavras de espanto pelo cosmopolitismo
que me embrenhei no imenso bazar. Fui aos banhos, comprei roupa de seda, linda de morrer, com um corte elegante e com uma textura nunca por mim antes vista.
Quase me perdi nesse emaranhado gigantesco de ruelas onde o cheiro a especiarias nunca nos abandona. E nunca me abandonou esse sentido de estar num lugar fora das escalas em que normalmente vivemos.
Foi dos momentos mais bonitos aquele que vivi ao desembocar desse bazar, de ao longo começar a ver a luz de um sol abrasador e, metro a seguir a metro, perceber o fim das tendas e bancas, abrindo-se um limbo, um terreno de continuidade, mas já liberto de tantas mercadorias, onde uma colunata romana abria caminho até uma das portas da Mesquita Omíada construída há quase mil e quinhentos anos.
Nesse olhar, que eu fotografei vezes sem fim, três realidades se cruzavam nessa economia de trocas que é o passar e o ver. O lucro, esse foi meu, que ainda hoje, cinco anos depois, transporto comigo essa lembrança que trouxe sem pedir autorização a ninguém.
Obviamente, entrei na Mesquita onde, diz a tradição, está sepultado João Batista. Vi o túmulo, andei por entre as gentes, assisti à oração. Mas o que mais me marcou foi a gigantesca decoração floral que num dos lados essa mesquita milenar apresenta. É um emaranhado complexo de ramos e folhagens onde se vislumbra, no meio de um verde exuberante, uma Árvore da Vida sem par.
Tanta simbologia a remeter-nos para uma origem, para um Adão a quem Deus tudo deu. Um Adão que ali estava plasmado no “caminho” de cada um, na sua forma de agarrar esses troncos e de os materializar na Vida.
E Damasco era isso mesmo, um amplo lugar de peregrinação. Acompanhei a visita aos lugares da memória de Paulo, esse complexo de teologia e
estratégia que pegou no pequeno grupo de judeus seguidores de Jesus e os transformou no rótulo adquirido em Antioquia, “cristãos”.
Mas também fui aos lugares de peregrinação xiita.

Em momento feliz, encontrei-me na cidade no momento da grande peregrinação à Mesquita de
Sayyidah Ruqayya onde se encontra o corpo da filha de Ali. Foi, sem dúvida, dos momentos mais excepcionais da minha vida. Estive no interior da mesquita bem mais de uma hora. Todos no grupo estavam com claros receios. Entrámos. Ninguém nos perguntou nada à entrada. Uns com mais medo que outros, lá nos fomos embrenhando num espaço onde, por vezes, era difícil encontrar os centímetros quadrados onde colocar os pés.

No pátio exterior, as mulheres escolhiam um lugar onde colocar um pano e orar. No topo, colocavam uma pequena cerâmica oval com o grafiti da
mesquita de Karbala. A essa pequenina peça de argila encostavam a cabeça quando se baixavam, colocando-se, assim, também eles naquele mundo onde o sangue dos seus mártires marca toda a mentalidade.
Mais no interior da mesquita, no salão central, decorria um rito só com homens. O início foi para mim verdadeiramente assustador: a pouco e pouco, o ritmo sincopado do bater nos punhos no peito, ascendia a um volume que tudo fazia abanar.
E ali estive, não sei quanto tempo. Senti esse bater dos dois punhos entrar-me pelo corpo e fazer-me tremer exactamente a esse ritmo, com uma
tal força que me era impossível ficar indiferente. Parecia que tudo tremia. Paredes, tectos, pessoas, o Mundo.
E o êxtase estava ali à minha frente. Muitos homens, no centro do espaço, rodopiavam ao mesmo ritmo das batidas em cima do coração. Não sei como sobreviviam aqueles corações, mas as pessoas, passado algum tempo começaram a desmaiar.
Caídos uns em cima dos outros, muitos arranhavam-se, arrancavam cabelos, faziam-se em sofredores, repetindo, de alguma forma, os mártires
que veneravam.
Já todo o grupo se recolhia a um lugar combinado, onde o guia nos iria resgatar de qualquer problema que tivesse ocorrido. Mas nada, nada de mais se passou, a não ser ter vivido algo único.

                              

Paulo Mendes Pinto

(Un. Lusófona, área de Ciência das Religiões)

Publicado por Re-ligare às 02:50
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Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008

Governo proíbe barbas durante o Ramadão

Os governos regionais do ocidente de Xinjiang, na China, estão a impor
regras severas durante o Ramadão, que começou a semana passada, provando
mais uma vez que as autoridades se sentem desconfortáveis com a fé.
Entre as regras conta-se a proibição de funcionários públicos, professores e
estudantes de observarem o Ramadão ou entrarem em mesquitas durante o mês
que este dura. Todos os membros do Partido Comunista estão sujeitos à mesma
proibição, que abrange ainda os funcionários públicos reformados.
Mais bizarra é a nova lei que proíbe os homens de deixarem crescer a barba
durante esta época, obrigando a rapá-la os que já possuam uma. As mulheres,
por sua vez, estão banidas de usar véus.
Mas as leis não se ficam por questões capilares. Os restaurantes passam a
estar obrigados a cumprir horários normais, para impedir que encerrem
durante o dia, como muitos costumavam fazer.
A região ocidental de Xinjiang é habitada principalmente por Uighurs. Estes
são na sua maioria muçulmanos e etnicamente próximos dos turcos. A zona tem
sido abalada por alguns atentados e existe um movimento independentista que
preocupa o Governo chinês.
O Ramadão, que celebra a transmissão do Alcorão a Maomé, é um mês do
calendário muçulmano. Sendo este lunar, a data do Ramadão, segundo o
calendário seguido no ocidente, varia. Este ano teve início no dia 1 de Setembro e
continua até ao dia 30. Durante esse mês os muçulmanos maiores e saudáveis
cumprem um rigoroso jejum entre o nascer e o pôr-do-sol. É também uma época
de oração intensificada.
 

Sofia S.

aluna do2º ano da Lic. em Ciência das Religiões

 

Publicado por Re-ligare às 13:26
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Sexta-feira, 5 de Setembro de 2008

“The Jewel of Medina”

Continuando um tema que nos nossos tempos é claramente muito rico, peço que leiam esta notícia retirada do Público de hoje sobe a publicação do livro “The Jewel of Medina”.
 
 
 
 
         
         
 
04.09.2008 - 16h34 PÚBLICO
Um livro sobre o profeta Maomé e a sua noiva Aisha, que gerou controvérsia por ter sido recusado pela editora americana Random House, vai agora ser publicado por uma editora britânica independente, a Gibson Square.

No mês passado a editora americana cancelou a publicação do livro “The Jewel of Medina”, da jornalista Sherry Jones, com “receio de ofender a comunidade muçulmana ou incitar à violência por parte de um segmento pequeno mais radical”.

Agora, o livro será publicado pela editora Gibson Square que conta com outros trabalhos polémicos publicados como o livro escrito por Alexandre Litvinenko, o espião assassinado em Londres em 2006 com uma substância radioactiva.

“Numa sociedade aberta tem de haver acesso livre a obras literárias apesar do medo. Como editora independente sentimos que não devemos ter medo das consequências do debate”, disse Martin Rynja da Gibson Square, citado pelo ‘El País’.

“Se um livro de qualidade traz uma luz sobre uma matéria da qual pouco conhecemos no ocidente, e na qual temos um interesse genuíno, não puder ser publicado aqui, só poderia dizer significar que o relógio andou para trás para a época das trevas”, acrescentou Martin Rynja.

Sherry Jones, em declarações ao jornal alemão ‘Leipziger Volkszeitung’, disse que quem ler o livro” vai ver que honra o profeta e aquela que foi a sua esposa favorita.”

O livro conta a história de Aisha, desde o seu casamento com Maomé - quando tinha apenas seis anos - até à morte do profeta.
Publicado por Re-ligare às 00:59
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