Desde tempos primordiais o homem procura Deus… fora de si… dentro de si… a necessidade da compreensão do mundo e a não-aceitação das inúmeras limitações intrínsecas à condição humana sempre fizeram com que o ser humano ansiasse por sinais irrevogáveis da existência e da presença divina na Terra. Assim, ao longo da história foram recebidos e reconhecidos evangelhos e profetas. Uma grande parte da população do planeta considera-se filha do patriarca Abraão… no entanto, os filhos de Abraão, apesar das raízes comuns passaram os últimos milénios em guerra. Os países ocidentais, fruto da hegemonia política, económica e cultural dos últimos séculos, intitulam-se como países desenvolvidos. São nações onde se respeitam os direitos humanos e a liberdade religiosa entre outros valores. O atentado de 11 de Setembro de 2001 foi um atentado contra os dois arranha-céus do mundo ocidental: a superioridade e o medo. Hoje o Islão é mediaticamente apresentado como o mundo da Al-Quaeda, onde vivem os bombistas- suicidas, onde o fanatismo é regra e as palavras de ordem são violência e intransigência. Não obstante as consequências justas e inevitáveis de punição pelos crimes cometidos por alguns fundamentalistas islâmicos, importa compreender que lugar é reservado a mais de 1,5 bilhão de crentes que são todos os dias arbitrariamente rotulados. Fruto do medo do desconhecido, de crenças e tradições diferentes, actualmente o mundo ocidental ignora o seu perfeito sistema legislativo ao ter uma ideia pré concebida sobre os islâmicos, e ao discriminar genericamente os crentes de uma das maiores religiões do mundo. A islamofobia é, nos dias de hoje, um conceito real e concreto que está presente na sociedade ocidental e que terá um efeito castrador no respeito e tolerância para com o Islão nas gerações vindouras que têm como marco histórico os atentados do 11 de Setembro. A resposta ocidental - violência, como resposta à violência dos atentados, é elucidativa de uma supremacia cultural falsa. Muito embora o Ocidente tenha sofrido perdas irreparáveis, o Islão, quer como nação menos desenvolvida em questões sociais e de direitos humanos, quer como nação adversária ideologicamente, deve ser respeitado pela sua história e tradição e, acima de tudo por todos os seres humanos que são exactamente iguais aos homens ocidentais, com os mesmos medos e angústias existenciais. As críticas veladas ao Islão são um reflexo da nossa própria história, das nossas próprias feridas, dos nossos defeitos enquanto nações e enquanto seres humanos. A dor e a vergonha de admitirmos que a nossa natureza é igual, impedem – nos de abandonar esse ar de nação superior e de olhar de igual para igual para o Islão e aprendermos mutuamente a coexistir no mundo em paz, tal como irmãos que efectivamente somos: embora diferentes, mas com o mesmo pai. Afinal, o que deveríamos pedir não é que Deus abençoe a América, mas sim, que Deus nos abençoe… sem discriminação.
Cátia Daniela R. Moura
(finalista de Ciência das Religiões na ULP)
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