Quarta-feira, 9 de Julho de 2014

O PAGANISMO ONTEM E HOJE

Contar a história do Paganismo, é contar a história da civilização. Outrora a religião de impérios, hoje é associada à vida campestre e rural, aos poucos conhecimentos e modos de vida primitivos. Apenas uma destas é falsa: o pouco conhecimento.

O Paganismo é uma religião assente em três princípios: o panteísmo, o politeísmo e o dualismo. Viajar por estes três princípios é saber a Natureza como sagrada, imbuída de um divino que, por se manifestar de formas diversas (a bio diversidade comprova-o), reconhece vários Deuses que encerram em si o conhecimento que nos permite alcançar um estado de harmonia e sintonia com um Cosmos criado a partir de dois pólos energéticos opostos, que não se aniquilam nem anulam, antes se complementam numa dança infinita ritmada pela divina lei do nascer, crescer, morrer e renascer, que marca o tempo como o conhecemos.

Este conhecimento vive nas tradições pagãs da Europa desde as suas origens: as tradições cretense, helénica, romana, ibérica, nórdica, celta, entre outras.

Na sua vivência plena, o Paganismo é uma religião natural, de observação de ciclos como o solar e o lunar. É uma religião que parte do que observa à sua volta, nos padrões que regem a vida e a natureza. Sim, podemos reconhecer facilmente a dimensão campestre do Paganismo. Mas nesta observação de ciclos naturais, nesta observação de padrões como as marés e a lua, também vemos um entendimento dos primeiros elementos primitivos de cálculo e raciocínio matemático.
Em todos estes reflexos (cosmológico, campestre e primitivo) somos também levados a reconhecer outra verdade: a da existência e valorização do conhecimento.

Hoje, o Paganismo assume os seus princípios e neles se arma para enfrentar o mundo como outrora já o fizera livremente. Hoje, o Paganismo mostra reverência a leis e a elemento que nunca se separaram da existência humana. Porque hoje a necessidade destes princípios transformou-se num apelo renovado pelas contínuas ameaças ao equilíbrio no ecossistema que nos permite viver nesta Terra. O Paganismo de hoje é o mesmo que o de ontem, apenas transformado na linguagem que nos aproxima do entendimento dos seus princípios.

E estes mesmos princípios transpiram uma ética que é atual: a equidade. É nesta equidade que uma religião espelhada por diversas tradições retoma um espaço no diálogo entre as outras formas de falar o divino, sabendo que as respostas que todas têm respondem à mesma necessidade de conhecimento para se (re)ligarem à origem e ao destino de tudo, seja ontem, seja hoje.

Mariana Vital
Delegada da PFI-Portugal para o Diálogo Inter-Religioso

Publicado por Re-ligare às 14:15
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